I Parada
LGBTQIA+

Foto:@ronaldo__franco

Foto: @ronaldo__franco

Ilha de Boipeba promoveu em setembro de 2019 sua primeira Parada LGBTQI+

Programação ofereceu diversas atividades culturais entre os dias 5 e 7 de setembro de 2019 em diferentes pontos da vila.

Já reconhecida como um destino turístico LGBT friendly, a Ilha de Boipeba, localizada no município de Cairu (BA), realizou em 2019 a primeira edição da sua Parada LGBTQI+. A programação gratuita fez parte do Festival das Cores,  com shows de drag queens. O evento é apoiado pela Prefeitura Municipal de Cairu e busca incentivar o potencial da região como uma referência na rota deste perfil de turismo no Brasil.

Com o tema Ilha do Respeito e da Diversidade, o evento contou com atividades culturais como teatro, dança, poesia e performances na sexta-feira (6). Além disso, bares e pousadas da vila promoveram bate-papos, oficinas e exibição de filmes. Neste mesmo dia, aconteceu ainda o Baile da Parada, no Bar das Meninas, um dos estabelecimentos LGBT mais antigos da ilha.

Esteve presente a drag soteropolitana Petra Peron — uma das maiores ativistas da causa e diversas vezes vencedora de concursos de Miss — e também Malayka, expoente baiana do estilo de drag monstra. Ambas fizeram performances no Restaurante Casinha Latina.

No sábado (7), feriado de Independência do Brasil, a organização do evento ofereceu um caruru no Acarajé da Danny para todos os participantes. A programação foi finalizada com o desfile da Parada LGBTQI+ pelas ruas de Boipeba com a animação de fanfarras, minitrio e carroças. O percurso seguiu até a Praça Santo Antônio, onde houve apresentação de grupos de música e dança locais.

De acordo com Gilvan Reis, um dos organizadores, a proposta é convocar a população local e os turistas a celebrarem a diversidade e reivindicarem a garantia de direitos da comunidade LGBTQI+.

“Começamos a perceber no ano passado que Boipeba tinha uma comunidade LGBT vivendo aqui, descobrimos casais que vieram de fora tocar projetos por aqui e temos também uma grande presença de turistas. Nós percebemos a receptividade ao evento porque a ilha sempre conviveu bem com a diferença e, como é um lugar pequeno, a aceitação das pessoas é muito rápida”, afirma ele.

A ideia de criar a Parada surgiu no meio da folia do bloco de carnaval Me Pega Boipeba, idealizado pelo Grupo da Diversidade. O evento é impulsionado ainda pela Parada Gay da Bahia, que acontece em Salvador duas semanas depois, no dia 22 de setembro, e que já é considerada uma das maiores do país.

   Foto: @ronaldo__franco

"Meu som te cega, careta"

O desafio de reinventar um mundo em ruínas.

Se a história pudesse ser definida numa linha do tempo marcada por acontecimentos políticos e sociais relevantes, outubro de 2018, certamente, apareceria inaugurando uma nova etapa no Brasil. O avanço inegável das forças reacionárias e a vitória parcial da cultura do ódio e da morte impuseram uma virada na nossa percepção de futuro: desesperançada, desencantada e, sobretudo, cruel.

Entretanto, não nos enganemos: nossa história nunca foi pacífica e harmônica. Esse país de estruturas coloniais rígidas ergueu-se por meio da violência.  A violência racializada contra aos povos indígenas e africanos, a violência contra os pobres, contra as mulheres, contra os periféricos, contra a natureza, contra as dissidências e os dissidentes, em suma, contra nós. No fim, sobra a supremacia: branca, heteronormativa e poderosa. A vitória de 2018 foi a consolidação mais feroz desse projeto e pra nós uma certeza: esse mundo acabou e somos nós que vamos levantá-lo dos escombros.

Assim nasceu a I Parada LGBTQI+ da Ilha de Boipeba. Numa pequena comunidade, emerge o desafio de afirmação dos nossos corpos, existências e pluralidades. Somos como somos e nossos desejos, alegrias e dores é a semente pra essa nova era. Não estamos pedindo licença nem clamando por tolerância: o mundo é nosso porque o de vocês não nos comporta e já fracassou.

As fotos de Ronaldo Franco registram os quatro dias de atividades (de 04 a 07 de setembro de 2019) desse evento. Não são apenas fotografias coletadas como um documentário. Essa seleção carrega as sutilezas de quem está acostumado a observar os detalhes: o olho, a gargalhada, as mãos, o mistério, a história, a cena, o momento exato. Com sua experiência fotografando a cidade de São Paulo em suas versões múltiplas e, muitas vezes, oculta da percepção comum, Ronaldo acompanhou de perto o processo de construção da I Parada de Boipeba, onde reside atualmente. O seu trabalho na Vogue capturando rostos, corpos, roupas, personagens, aparece novamente aqui com personagens anônimos, gente comum que caminha nas ruas e que precisa falar, contar sua história. É essa a intenção dessa exposição. Mostrar para quem que não quer ver e falar pra quem não quem quer ouvir que agora que estamos não retrocedemos.  

Gilvan Reis do Nascimento, organizador da Parada LGBTQI+ e idealizador da exposição.

 

Exposição virtual
Ronaldo Franco

Fotografias da 1ª Parada LGBTQIA+ da Ilha de Boipeba. 

Para adquirir as fotos do artista entre em contato pelo email: ilhadadiversidade@gmail.com

Cobertura I Parada LGBTQIA+

Retratos

O projeto tem apoio financeiro do estado da Bahia através da Secretaria de Cultura (Prêmio Cultura na Palma da Mão PABB) via Lei Aldir Blanc redirecionada pela Secretaria Especial de Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.